As estatinas são medicamentos amplamente utilizados no tratamento do colesterol alto, ajudando a prevenir doenças cardiovasculares como infarto e AVC. Elas atuam reduzindo os níveis do colesterol LDL (o “colesterol ruim”) no sangue, sendo indicadas principalmente para pessoas com risco elevado de complicações cardíacas.
Apesar de seus benefícios comprovados, o uso contínuo de estatinas pode causar efeitos colaterais musculares, sendo as dores musculares (mialgias) uma das queixas mais comuns entre os pacientes.
Neste artigo, você vai entender:
- Por que as estatinas causam dor muscular
- Quais os sintomas mais frequentes
- Como diferenciar a dor comum da dor relacionada à medicação
- O que fazer se estiver com dor muscular durante o tratamento
- Quais alternativas existem para continuar controlando o colesterol com segurança
Por que as estatinas causam dor muscular?
As estatinas agem no fígado, bloqueando a enzima HMG-CoA redutase, que é responsável pela produção de colesterol. No entanto, além de reduzir o colesterol, essa inibição também pode interferir na produção de outras substâncias essenciais para o funcionamento das células musculares, como a coenzima Q10, importante na geração de energia.
Essa interferência pode resultar em:
- Inflamação nos músculos
- Alterações na função mitocondrial
- Acúmulo de resíduos metabólicos no tecido muscular
Esses fatores podem provocar desconforto, dores e até fraqueza muscular, especialmente em pacientes que fazem uso prolongado do medicamento.
Quais são os sintomas de dor muscular por estatina?
Os sintomas musculares relacionados ao uso de estatinas podem variar de intensidade. Os mais comuns incluem:
- Dor difusa nos músculos, principalmente nas pernas, costas ou ombros
- Sensação de peso, rigidez ou queimação muscular
- Fraqueza muscular sem causa aparente
- Câimbras frequentes
- Desconforto após esforços leves
Esses sintomas costumam surgir semanas ou meses após o início do tratamento e geralmente afetam ambos os lados do corpo de forma simétrica.
Toda dor muscular é causada pela estatina?
Nem sempre. Muitas pessoas apresentam dores musculares por outros motivos, como:
- Exercício físico intenso
- Desidratação
- Alterações hormonais
- Outras medicações
Por isso, é essencial relatar ao médico qualquer sintoma, que poderá investigar a origem da dor e confirmar se está, de fato, relacionada ao uso da estatina.
Quem tem mais risco de desenvolver dor muscular com estatinas?
Alguns fatores aumentam a probabilidade de efeitos colaterais musculares durante o uso de estatinas:
- Idade acima de 65 anos
- Uso de doses elevadas do medicamento
- Histórico de doenças renais ou hepáticas
- Interação com outros medicamentos (como antifúngicos, antibióticos, anticoagulantes, etc.)
- Histórico de doenças musculares
- Prática intensa de atividade física
Nesses casos, o acompanhamento deve ser ainda mais rigoroso.
O que fazer se estiver com dores musculares?
Se você estiver sentindo dor muscular e está em uso contínuo de estatina, não interrompa o medicamento por conta própria. O ideal é:
- Procurar o médico o quanto antes para relatar os sintomas
- Realizar exames laboratoriais (como CPK) para avaliar possíveis lesões musculares
- Discutir a possibilidade de redução da dose, troca de estatina ou uso em dias alternados
- Avaliar o uso de suplementação com coenzima Q10, em alguns casos
A decisão de alterar ou suspender a medicação deve ser sempre feita com orientação médica.
Em casos mais graves: Rabdomiólise
Embora raro, o uso de estatinas pode provocar uma condição mais séria chamada rabdomiólise, que é a destruição do tecido muscular. Os sinais de alerta incluem:
- Dor muscular intensa e generalizada
- Urina escura (cor de coca-cola)
- Fraqueza extrema
- Febre, náuseas ou confusão
Essa situação é uma emergência médica e deve ser tratada imediatamente para evitar complicações nos rins e outros órgãos.
Existe alternativa à estatina para controlar o colesterol?
Sim. Para pacientes que não toleram as estatinas devido a dores musculares ou evidente dano muscular, e que tenham que obrigatoriamente suspendê-las, o médico pode indicar alternativas:
Outros medicamentos, como:
- Ezetimiba
- Fibratos
- Inibidores de PCSK9
- Ácido bempedóico (recém- aprovado pela ANVISA)
Associados a mudanças no estilo de vida, com foco em:
- Alimentação com baixo teor de gordura saturada
- Atividade física regular
- Controle do peso e do estresse
- Redução do consumo de álcool e tabaco
Essas estratégias, quando bem orientadas, podem ser eficazes no controle do colesterol. Lembrando que nem sempre as estatinas precisam ser suspendidas, podendo haver soluções como o uso em dias alternados ou redução de dose ou troca do tipo de estatina. O médico deverá sempre orientar o paciente quanto à melhor decisão.
Exercícios físicos ajudam ou prejudicam?
O exercício físico é um grande aliado no controle do colesterol, mas pacientes com dores musculares devem adaptar a intensidade da atividade até que o tratamento esteja estabilizado.
Prefira:
- Caminhadas leves
- Alongamentos
- Exercícios de baixo impacto
Evite:
- Treinos de força excessiva
- Atividades que causem fadiga muscular
Sempre converse com o seu médico antes de iniciar ou retomar uma rotina de exercícios.